top of page

Arco Tietê

As cidades são expressões de uma época traduzidas no espaço. Como manifestação de uma sociedade, as cidades projetam no território aquilo que os cidadãos, como coletividade, almejam ser no presente e no futuro. Esta proposta para o Arco Tietê expressa esse desejo coletivo de construção e de legado que o URBEM, como organização da sociedade civil, oferece a São Paulo por intermédio da Prefeitura, no contexto do Chamamento Público nº 001/2013/SMDU, que descortinou uma oportunidade histórica de promover o reordenamento territorial deste grande feixe que hoje concentra o maior fluxo de pessoas, mercadorias e serviços do País.

 

Antes industrial e hoje quase sem indústrias, o perímetro do Arco Tietê é palco daquele que é um dos mais extensivos processos de reestruturação produtiva em curso no mundo. Operou-se ali, nas últimas décadas – numa área equivalente à de Manhattan – uma rápida desindustrialização econômica, que não foi acompanhada de uma desindustrialização territorial. Ou seja, tivemos ali uma transição incompleta: a atividade industrial deixou a região, mas lá permanecem as enormes glebas que estão ainda hoje subutilizadas, degradadas ou mesmo abandonadas.

 

Com vistas a contribuir para a reversão desse quadro sombrio, o URBEM mobilizou uma equipe de 110 profissionais de diversos campos do conhecimento. Trata-se de uma formulação de elevados propósitos cívicos, sempre alicerçada em fundamentos econômico-financeiros, sintonizada com os anseios dos diversos segmentos da sociedade, consistente com o quadro institucional e regulatório em vigor e atenta às realidades políticas e governamentais.

 

A proposta do URBEM tem como núcleo conceitual a criação da Cidade-Parque Tietê, nome eleito para designar a síntese de um conjunto amplo de transformações que visam construir uma nova cidade no território do Arco Tietê, estruturada por sucessivos parques fluviais e bulevares entrecruzados, longitudinais e transversais.

 

Como diretrizes fundamentais o URBEM propõe:

  • no plano urbanístico, um adensamento e uma verticalização da ocupação na frente d’água, a fim de que se construa uma cidade com alma, animada e vibrante, marcada por uma vigorosa paisagem, simbólica e iconicamente representativa da metrópole global;

  • no plano da produção, o desenvolvimento de um espaço privilegiado para o florescimento de uma economia criativa, que, a exemplo de outras cidades bem-sucedidas, transforme os antigos territórios de produção industrial em novos espaços de produção e consumo de conhecimento e inovação;

  • no plano habitacional, a mitigação de disparidades que prevalecem entre as ofertas de moradia, emprego, comércio e serviços, mediante a estruturação de novas centralidades e de tecidos urbanos de uso misto;

  • no plano da mobilidade, o apoio irrestrito ao desenvolvimento da rede intermodal de transportes, públicos e privados, de passageiros e de cargas, sobretudo dos modais de alta e média capacidade de passageiros; e,

  • no plano da cidadania, a reconquista das margens do Tietê, com vistas ao restabelecimento de uma relação orgânica com o rio, entremeadas por novos corpos de água limpa e áreas verdes, acessíveis e desfrutáveis por pedestres e ciclistas.

 

Tais diretrizes apresentam caráter evolucionário e revolucionário. Evolucionário: buscam alavancar realidades preexistentes, dando novo impulso a vocações estabelecidas. Revolucionário: quebram paradigmas, introduzindo novos padrões de ocupação e organização espacial para a moradia, a produção e o lazer.

 

 

O URBEM responde ao Chamamento com a certeza de que estamos todos diante de uma circunstância histórica única, marcada por uma constelação extraordinária de fatores determinantes e essenciais para o sucesso de uma iniciativa dessa envergadura:

(a) a existência de um corpo técnico de classe mundial na Prefeitura;

(b) a presença de proponentes que combinam forte inclinação cívica, experiência empresarial e acesso aos mercados globais de capitais – imprescindíveis para a realização de transformações em larga escala; e

(c) a conjuntura histórica da cidade, favorável ao alinhamento e convergência dos três poderes conformadores do processo urbano: o político, o econômico e o social.

 

Cabe ainda destacar, no âmbito do poder político, a efetiva e acurada articulação que se manifesta atualmente entre as três esferas federativas - municipal, estadual e federal - capaz de induzir e fomentar, nas mais diversas frentes institucionais e normativas, a consolidação de uma macrometrópole brasileira de projeção global.

 

Este é o momento para que São Paulo se reinvente a partir do seu entroncamento mais central e vital – o Arco Tietê. A sociedade hoje dispõe de conceitos de cidade testados nos últimos anos que buscam estimular a interação dos grupos sociais, a integração das atividades humanas – trabalho, habitação, cultura e diversão – e o fortalecimento, através do urbanismo, da concepção de desenvolvimento sustentável, que busca o equilíbrio entre o social, o econômico e o ambiental. Essa condição histórica, combinada com a moldura propiciada pelo Chamamento, reúne os elementos de base para que a terceira maior metrópole do globo transforme este vasto território, espaço da Primeira Revolução Industrial brasileira, em locus privilegiado da Quarta Revolução Industrial, com beleza e funcionalidade, para a cidadania e a economia criativa do século 21.

 

bottom of page